Sempre fui assim. Era uma criança tímida, com poucos amigos. Preferia passar o tempo sozinho, lendo livros ou jogando videogames.
À medida que fui crescendo, percebi que não preciso me importar com o que os outros pensam. Não preciso fingir interesse por coisas que não me interessam. Posso simplesmente ser eu mesmo.
Não estou dizendo que sou completamente indiferente a todos. Tenho alguns amigos próximos e familiares por quem me importo profundamente. Mas, na maior parte, simplesmente não me importo.
Não me importo com o que as pessoas vestem ou com o que fazem da própria vida. Não me importo com as últimas notícias ou fofocas. Não me importo com o que está acontecendo no mundo.
Algumas pessoas acham minha indiferença desagradável, pensando que sou rude ou arrogante. Mas não sou. Estou apenas sendo honesto.
Não vou fingir me importar com algo que não me interessa. Não vou desperdiçar meu tempo e energia com coisas que não têm importância para mim.
Benefícios da Indiferença
A indiferença me libertou das expectativas dos outros. Não preciso me preocupar com o que eles pensam ou com o que querem que eu seja. Posso simplesmente ser eu mesmo.
Isso me permite focar no que é realmente importante para mim. Não desperdiço tempo e energia com o que não importa. Concentro-me nas minhas paixões e nos meus relacionamentos com as pessoas que realmente importam.
Isso também me tornou mais resiliente. Não me deixo abalar facilmente por contratempos ou decepções. Sei que a vida tem altos e baixos, e não permito que os momentos ruins me derrubem.
Escolhas
Eu estava sentado no parque quando Sarah se aproximou com um olhar cansado, como um marinheiro naufragado em busca de salvação. Ela desabafou sobre sua vida – seu relacionamento tóxico, seu trabalho que sugava sua alma e sua família repleta de problemas.
Ela falou sem parar, despejando seus sentimentos, esperando por algumas palavras de conforto, um gesto de afeto ou um pouco de empatia. Mas, quando finalmente fez uma pausa para respirar, eu não pude esconder a apatia que corria em minhas veias.
— Sarah, — falei de forma direta, — você vem reclamando disso há um bom tempo. Sinceramente, estou cansado de ouvir sempre a mesma história triste. Se você está tão infeliz, por que não faz algo a respeito? Eu realmente não tenho paciência para o seu drama.
Seus olhos se arregalaram, incrédulos, e suas esperanças se despedaçaram como vidro. Ela esperava compaixão, mas recebeu uma dura dose de realidade.
— Yuri, — gaguejou ela, — pensei que você pelo menos fingisse se importar. Você é tão frio.
De maneira indiferente, eu dei de ombros.
— Fingir não é o meu estilo, Sarah. Você está presa num emaranhado autoimposto, e minha paciência já está acabando. Você é a única que precisa decidir se quer continuar se afundando na autopiedade ou realmente fazer algo para mudar.
Sarah se afastou, devastada e perplexa, e eu fiquei sozinho com meus pensamentos. Às vezes, a verdade é um remédio amargo, e nem todos conseguem engoli-la sem se afogar. Mas, num mundo onde não me importo com a maioria das coisas, não posso me dar ao luxo de adoçar a realidade, mesmo que isso signifique sacrificar uma amizade.
Uma semana depois, Sarah me procurou novamente. Ela havia levado um tempo para digerir nossa conversa, e talvez uma pitada de compreensão tivesse se instalado. Desta vez, ela parecia mais equilibrada, com expectativas ajustadas.
— Yuri, — ela começou com cautela, — pensei sobre o que você disse, e doeu. Mas não posso deixar de admitir que talvez você esteja certo. Talvez eu esteja presa nesse ciclo há tempo demais.
Eu fui direto ao ponto.
— Sarah, precisei ser brutalmente honesto porque você estava presa em um ciclo interminável de reclamações sem agir. Se agora você está finalmente percebendo isso, então é um passo na direção certa.
Ela assentiu, reconhecendo meu ponto.
— Não posso te culpar por ser direto. Acho que é hora de eu fazer mudanças, de verdade desta vez.
Eu dei um aceno curto.
— Ótimo. Lembre-se, não me importo com suas reclamações, mas me importo com você. Se você está pronta para mudar, estarei aqui para te apoiar.
O rosto de Sarah mostrava uma mistura de determinação e resignação. Ela aprendeu da maneira difícil que reclamar não iria mudar suas circunstâncias. A decisão de sair do ciclo de autopiedade era dela. Minha indiferença serviu como um lembrete duro de que, às vezes, o conselho mais valioso é aquele que não queremos ouvir.
Pouco tempo depois da nossa conversa franca, outro episódio destacou minha perspectiva única sobre empatia. Dessa vez, foi meu primo Alex que se aproximou. Percebi que ele estava escolhendo bem suas palavras, e me preparei para o que viria.
— Yuri, — começou Alex, — sei que somos família, mas preciso te contar uma coisa. Nossa tia distante, Margot, faleceu.
Eu o encarei sem expressão, deixando clara minha indiferença. A tia Margot era alguém que eu nunca conheci, com quem não tinha qualquer conexão, e certamente não me importava. Ela era apenas uma figura distante na árvore genealógica, alguém por quem não tinha motivo para lamentar.
Alex forçou um sorriso, como se tentasse despertar alguma empatia dentro de mim.
— Achei que você deveria saber, afinal, somos parentes.
Neguei com a cabeça, sem rodeios.
— Alex, agradeço por me avisar, mas não tenho nenhum vínculo emocional com a tia Margot. Podemos compartilhar um laço sanguíneo distante, mas isso não significa que vou fingir sentir tristeza por alguém que nunca conheci.
O sorriso de Alex desapareceu, substituído por um silêncio constrangedor. Provavelmente, ele esperava alguma forma de simpatia, mesmo sendo um parente distante, mas foi recebido com minha fria e inabalável indiferença.
Percebi o desconforto no ar quando Alex entendeu que eu não iria desempenhar o papel de parente enlutado. Num mundo onde não me importo com a maioria das coisas ou pessoas, não posso fingir emoções ou empatia por alguém com quem não tenho conexão.
Lidando com Pessoas que Não Entendem
Algumas pessoas acham minha indiferença desagradável, pensando que sou rude ou arrogante. Mas não sou. Apenas sou honesto.
Procuro ser paciente e compreensivo com aqueles que não entendem. Explico que me importo com eles, mas não com a maioria das coisas. Respeito as opiniões, mesmo que discorde.
Se alguém for rude ou desrespeitoso por causa da minha indiferença, simplesmente me afasto. Não tenho tempo para pessoas negativas e julgadoras.
Como Ser Indiferente
Se você deseja ser mais indiferente, aqui vão algumas dicas:
- Identifique o que realmente importa para você. Foque no que é importante e deixe o resto de lado.
- Não se compare com os outros. Cada pessoa é única, com objetivos e valores distintos.
- Aceite que você não pode controlar tudo. Concentre-se no que está dentro do seu controle.
- Abandone as expectativas. Expectativas podem levar a decepções.
- Pratique a atenção plena. Permaneça no presente, sem julgamentos.
Dicas adicionais:
- Não leve as coisas para o lado pessoal. A maioria das pessoas não tem a intenção de te magoar.
- Não se prenda ao passado. O que passou, passou, e não pode ser mudado.
- Não se preocupe excessivamente com o futuro. Concentre-se no presente e viva o agora.
Lembre-se, indiferença não significa apatia. Você pode ser indiferente a certas coisas e, ao mesmo tempo, ser apaixonado por outras. É um desafio, mas vale a pena a longo prazo, pois leva a uma vida mais pacífica e gratificante.
Conselhos para os Outros
Se você tem dificuldade em lidar com a indiferença:
- Tudo bem não se importar com tudo.
- Foque no que realmente importa para você.
- Não deixe que a opinião dos outros te incomode.
- Seja você mesmo, e não quem os outros esperam que você seja.
- Não desperdice tempo e energia com o que não tem importância.