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Os Laços Inconvencionais da Amizade e da Solidão

Escrito por
Yuri Cunha
Yuri Cunha
Publicado em
18 de out. de 2023
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Os Laços Inconvencionais da Amizade e da Solidão

Não sei exatamente por onde ou como começar este artigo, ou mesmo se devo chamá-lo de artigo, apesar de ser um post no blog...

Nas primeiras horas desta manhã, saí para fumar um cigarro e, como sempre, me peguei refletindo sobre as coisas do meu mundo. Eu chamo de "meu mundo" porque não costumo abranger tudo o que acontece na minha vida. Se algo não está diretamente relacionado a mim ou não interfere na minha vida, geralmente ignoro.

Enquanto fumava, pensei que, apesar de ter poucos amigos (três, para ser exato – nem precisei contar), sou afortunado por tê-los.

Desde o início de 2022, tem se tornado cada vez mais difícil querer estar vivo ou fazer qualquer coisa. Talvez seja porque fracassei em algumas áreas da minha vida onde almejava o sucesso, ou simplesmente porque não consegui alcançar o que queria. Mas não é que eu tenha desistido, pois em tudo o que fracassei ou não fiz, pretendo tentar de novo ou recomeçar e fazer melhor, de forma diferente. O mais louco de tudo é que, cada vez que algo não sai bem, esses três amigos meus sempre estiveram ao meu lado.

Não sou uma pessoa que passa muito tempo com a família ou afins, em parte porque quase não converso ou os vejo. Tampouco aprecio muito encontros familiares ou ocasiões festivas como aniversários. E, sendo ateu, também não celebro feriados religiosos. Por ser ateu, parece que as pessoas me veem como alguém moralmente falho ou completamente errado – o que, na verdade, me diverte.

Mesmo após dizer tudo isso, há coisas que parecem pura loucura, como quando as pessoas me elogiam demais, dizendo que sou muito inteligente, que conheço diversos assuntos e que consigo explicar muitas coisas. Mas não se trata apenas de inteligência; é porque fiz tantos cursos (ultrapassei 100 – parabéns pra mim), li tantos livros (não sou fã de ebooks) e vi tanta coisa que simplesmente aprendo com tudo isso. É impressionante, sabe? É louco ir a um lugar ou até mesmo a um encontro social (mesmo que eu não goste muito) e ver os olhos das pessoas se iluminarem quando discutem um assunto, e aí eu começo a me aprofundar, mencionando referências e até mostrando onde encontrá-las. É simplesmente gratificante. Mas o outro lado da moeda também se revela, pois quando a conversa termina ou a pessoa se retira, essa leveza se transforma em peso ou exaustão, e minha "bateria" social se esgota. Consegue entender o quão insano isso soa?

Agora, mudando um pouco de assunto, um dos três amigos que mencionei, neste caso, o Lucas – que conheço há 11/12 anos (um tempo considerável) – é alguém com quem posso ter conversas intermináveis. Praticamente conversamos todos os dias durante todo esse tempo, e o mais louco é que o Lucas é exatamente como eu. Não precisamos ficar dizendo o quanto gostamos um do outro, mas compartilhamos muitas ideias semelhantes, mesmo que tenhamos visões diferentes sobre o mesmo assunto. Esse cara esteve ao meu lado em alguns dos momentos mais sombrios da minha vida, talvez até nos períodos mais obscuros.

Quanto ao outro dos meus três amigos, o Vinicius (que também é meu primo), não conversamos diariamente, mas esse cara me salvou de um suicídio certo, que foi um dos períodos mais sombrios da minha vida. Inclusive, passei um tempo na casa dele. Precisava ficar sozinho, em silêncio, e, no máximo, ter uma conversa com alguém. Claro, enquanto estava lá, também saí com amigos para beber e se divertir, mas o mais bacana foi voltar e encontrar um dos meus três irmãos ali, comigo.

E agora chegou o mais novo da minha lista de três amigos, o Vitor... um cara incrível com ideias malucas (me lembra muito de mim), outra pessoa que me salvou de várias situações e de mim mesmo. Passamos horas no Discord, às vezes adormecendo em uma chamada, simplesmente conversando ou discutindo algo completamente aleatório. Hahahahahah.

Não preciso da aprovação do mundo, e não tenho medo de falar honestamente e diretamente com as pessoas. Mas, com esses caras, sou um pouco cauteloso. Não sei se é porque temo perdê-los da minha vida ou se é o receio de não tê-los por perto mais. Não sei, mas é impossível para mim olhar para o lado e imaginar minha vida sem essas pessoas malucas. Tenho poucos amigos, mas são amigos de qualidade.

Transitando de um extremo para o outro, sempre que paro para pensar (ou melhor, penso enquanto fico parado, hehe), reflito sobre como minha família de sangue, que compartilha meu DNA, sabe tão pouco sobre mim. Fiz e continuo fazendo tantas coisas que só um dos meus três melhores amigos sabe ou que somente eu sei. Eu poderia dizer: "Não sei o motivo para isso", mas eu sei: não quero compartilhar com eles. Não é que eu não queira dividir minha vida com minha família, mas não me imagino fazendo isso. Gosto de ficar sozinho, de estar comigo mesmo. É uma das razões pelas quais passo quase 24 horas por dia com meus fones e principalmente no computador. Leio, estudo, faço meus cursos, ganho meu dinheiro, converso com meus melhores amigos e depois posso simplesmente ficar em silêncio. A maioria das pessoas parece precisar de alguém por perto ou sentir que, se estiverem longe da família, enlouquecem ou não se sentem bem. Mas não é assim para mim. Se as pessoas não conversam comigo, tudo bem. Se conversam, também tudo bem. Como já mencionei, não preciso de aprovação ou reconhecimento. Gosto de ser assim.

Tenho ideias e pensamentos que, por não serem populares atualmente, a maioria das pessoas acha que sou radical. Mas elas parecem não entender a diferença entre ser radical e o que eu quero, assim como confundem indiferença com apatia.

Lembro quando minha mãe (na verdade, minha avó, mas a chamo de mãe) faleceu, e as pessoas começaram a se perguntar quem iria comparecer ao funeral, quem iria falar ou não, quem não compareceu não se importou, e assim por diante. Mas eu penso diferente, porque cada pessoa tem sua maneira de lidar com o luto. Alguns demoram a entender, outros não querem aceitar, e alguns aceitam e seguem em frente, como no meu caso. Mas o que as pessoas não compreendem é que todos sentimos o mesmo, mas, por sermos mais reservados, acabamos chorando sozinhos, não em público. Somos distantes e gostamos de ficar sozinhos nesses momentos. Quando vemos alguém triste ou chorando, damos um abraço ou ficamos em silêncio porque é assim que gostamos e tendemos a achar que a pessoa também prefere assim, mesmo sabendo que geralmente ela gosta de companhia. Nesse momento, mantemos distância, pois pode ser que ela não queira, então nos recolhemos.

Talvez o equívoco geral da sociedade ou o pensamento popular seja supor que não temos sentimentos ou que não refletimos sobre as coisas, mas temos sim. Alguns mostram menos, outros mais, e nossos pensamentos costumam ser mais racionais e lógicos do que os daqueles que sofrem abertamente. Mas nossa diferença é que nossas mentes não estão turvas e confusas, ou, se estão, pensamos em como organizar e agir com base na lógica e na razão, e não apenas no sentimento e na emoção.

Enfim, é isso.

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Última atualização: 18 de out. de 2023