Há dois meses, minha mente não estava em sua melhor forma. Meus pensamentos sempre divagavam para diferentes direções. Certa vez, ao acordar, imediatamente comecei a pensar na minha agenda diária e em como deveria lidar com uma ligação importante no trabalho. Mesmo tendo preparado o café da manhã ou escovado os dentes.
Minha mente parecia um pouco como uma briga de bar em um filme de faroeste. Uma cena caótica, com coisas voando para todos os lados. Algo precisava mudar.
No passado, tive boas experiências com a meditação. Durante meus estudos, fui apresentado à meditação ao ouvir o podcast do Tim Ferris. Confesso que hesitei no início. A meditação sempre me pareceu algo reservado a monges, pessoas espirituais e hippies. Mas, quando comecei a praticar, ela me ajudou a encontrar calma na vida agitada de um estudante universitário. Quando senti que atingi um certo nível de tranquilidade,, de certa forma, parei de meditar.
Algo que sempre quis tentar foi o aplicativo Waking Up do Sam Harris. Sam Harris é um filósofo, neurocientista e apresentador do podcast Making Sense. Sempre admirei sua forma de falar. Ele apresenta tópicos complexos de maneira simples, mas com clareza e poder. E alguém que fala de forma clara também pensa com clareza. Um não pode existir sem o outro.
Sam Harris também tem vasta experiência em falar e escrever, além de meditar há mais de 30 anos. Isso despertou meu interesse em experimentar seu aplicativo e fazer o curso introdutório de 50 dias. Neste artigo, resumo alguns dos aprendizados e observações que tive.
1. Dez minutos podem fazer uma grande diferença
Como parte do curso introdutório, sempre meditei por cerca de dez minutos. Às vezes, mesmo esse tempo parecia longo e intimidador. Mas, na maioria das vezes, as sessões terminavam mais rápido do que eu esperava. Para mim, esse período era exatamente o ideal, pois sempre é possível arranjar dez minutos, mesmo que você esteja ocupado no trabalho, cansado de praticar esportes ou viajando o dia inteiro.
2. Meditar com o sol da manhã
Meditar pela manhã foi a chave para eu manter a consistência na prática. Não porque a manhã tenha um efeito melhor em si, mas porque tenho mais controle sobre como passo minhas manhãs – algo que não posso dizer das noites. Às vezes fico em casa e vou dormir mais cedo; em outros dias, saio com amigos e volto tarde. Meditar de manhã me ajudou a criar um hábito diário e, mesmo que me esqueça pela manhã, ainda consigo praticar durante o dia ou à noite.
3. Você não precisa de um lugar silencioso para meditar
As meditações do curso introdutório eram guiadas. Sam Harris fornecia instruções claras e frequentemente explicava o motivo por trás da prática. Porém, às vezes ele falava demais, o que dificultava minha capacidade de relaxar e meditar.
Em uma das lições, ele abordou exatamente isso, pois muitos alunos lhe davam esse feedback. Ele explicou que a meditação não é algo que se deve fazer somente em um ambiente silencioso. Meditar é estar consciente e, no melhor dos casos, é um estado de vida. Não se resume a uma janela de dez minutos por dia.
Isso fez todo o sentido para mim, e comecei a meditar em ambientes mais cotidianos. Às vezes, enquanto a lava-louças está ligada ou a janela está aberta. O desafio de manter o foco em ambientes barulhentos se tornou uma ótima oportunidade para praticar a atenção plena.
4. Quem é o Pensador?
Você já se perguntou se pode escolher seu próximo pensamento? Talvez isso pareça uma pergunta boba, mas observe sua mente por um minuto.
Se você é como eu, os pensamentos simplesmente aparecem. Assim como bolhas surgem em um lago, os pensamentos emergem na consciência.
Por isso, é tão difícil ficar parado e tentar pensar em "nada" por cinco minutos. Parece simples, mas na prática é impossível. Com esforço, você pode manter sua mente focada na respiração por 30 segundos, mas, assim que a atenção escapa, sua mente embarca numa viagem livre.
A partir daí, os pensamentos simplesmente surgem na consciência. Pode ser porque você ouviu um som familiar, lembrou de algo para fazer, ou, às vezes, de forma completamente aleatória. Mesmo que você diga a si mesmo que é o pensador da sua cabeça, a realidade conta outra história.
5. Qualidade da mente
O insight mais profundo para mim foi que a qualidade da minha mente é a base de toda a experiência que tenho e da contribuição que dou ao mundo.
Nos dias em que tive uma boa sessão de meditação, senti-me mais consciente, produtivo e realizado. Isso era mais visível no trabalho, onde muitas vezes era necessário ouvir atentamente os clientes e tudo precisava fazer sentido para que eu pudesse verbalizar. Antes de meditar com o Waking Up, às vezes eu me desligava das conversas, ficava distraído e depois me sentia culpado.
Claro, isso ainda acontece. Ficar distraído é o estado natural da mente. Mas agora que medito com frequência, isso acontece menos, e, para mim, isso melhorou o que Sam Harris costuma chamar de "qualidade da mente."
E agora?
No início, minha mente estava a mil por hora. Mas agora me sinto muito mais consciente dos meus pensamentos e experiências ao longo do dia. Meditar durante os últimos 50 dias me mostrou a diferença que isso pode fazer.
Por isso, quero continuar nessa jornada e frequentar regularmente meu "ginásio de fitness mental". Para mim, isso significa sentar no sofá, tomar um chá e não fazer nada por dez minutos por dia.
PS: Se quiser experimentar o Waking Up, aqui está um link de convite que desbloqueará o app para você por um mês. Eu não recebo nada por isso, mas, assim como foi útil para mim, pode ser para você também.